Ah Salgueiro! Salgueiro e suas ladeiras históricas.

Tenho a ligeira impressão de que nossa cidade foi construída em um terreno muito acidentado e sinuoso. Olhando ao redor, de quase todos os lugares, é possível perceber algumas serras e morros além do famoso Cruzeiro. Caminhando um pouco por suas ruas isso fica muito mais claro por causa das inúmeras ladeiras que a cidade possui.
Arte renascentista do blog
Nos logradouros das residências que já habitei havia ladeiras. No primeiro, saudosa Francisco Correia, a ladeira dividia formidavelmente a rua em "lá em cima" e "lá embaixo". No segundo, a rua é literalmente apenas uma ladeira. Ela é tão íngreme que é arriscado perder o controle de velocidade ao sair de casa. Teve até o famoso caso do caminhão que foi deixado em ponto morto na Aurília Rocha Sampaio e destruiu metade da rua.

O tamanho das ladeiras é potencializado (e muito) pelo calor. Elas parecem que não acabam quando se caminha no sol das 14:00. As vezes está tão quente que no topo da ladeira o vapor sobe e a visão embaça... aí o caminho vai ser longo.


Salgueiro tem algumas ladeiras famosas. A da granja corta o bairro pseudo-nobre homônimo. Na chegada da Escola Paulo Freire havia uma de duas etapas que fez muitos gordinhos entrarem em forma. No carnaval a Bicharada sobe e desce pela do chalé. O Prado tem outras tantas.

Mas só uma é famosa e conhecida em toda a cidade. A rainha de todas as ladeiras: a do Alto do Curtume! Tão íngreme e comprida que de uma ponta você não vê a outra, o que aumenta a sensação de pequenez diante dela. Se for levar em consideração as vidas e histórias que ali já passaram e pisaram, ou sobem e descem todos os dias, aí ela se agiganta mais ainda.

Passei pouco momentos nela. Uma vez tive que ir ao sopão tirar uns documentos e me perdi. Ia na casa do meu primo Tiago quando ele morava por aquelas bandas. Acho que a maioria das vezes que por ela pisei foi quando estudei com um menino que morava por lá.


Uma época cismei que ia subi-la de bicicleta. Por quê? Porque ela está lá! Preparei toda uma série de treinamentos e exercícios para enfrentar meu Everest. Subia a ladeira da granja sem ficar em pé ou fazer zigue-zague, na do chalé eu nem suava. Andava Salgueiro toda para melhorar meu físico.

Chegou o dia que julguei estar preparado. Me alinhei defronte ao pé da ladeira e a contemplei encarando meu desafio. Comecei a pedalar e conquistá-la. Metro a metro eu singrava sua extensão. Metro a metro minhas forças se esvaiam e meu fôlego diminuía, mas eu pedalava. Começou o zigue-zague enquanto o sol ficava mais quente. Minhas pernas pareciam que eram de madeira de tão duras e pedalar em pé não apaziguava o peso nas minhas coxas. No meio da ladeira eu já havia desmontado e empurrava, derrotado, a bicicleta.

Descansei no meio fio. Ninguém percebeu minha derrota solitária, provavelmente nem minha adversária. Foi assim que eu perdi para a ladeira mais famosa de Salgueiro.

Rodolfo Nícolas quebrou 2 dentes em uma queda de bicicleta.

Um comentário:

Carvalho Alves disse...

bela referimento que esta querida ladeiras da nossa salgueiro
e como a ladeira do alto do curtume tenho um irmão e um sobrinho que desceu a ladeira e cairao por que a bicicleta se quebrou e eles desceram a ladeira como se force bolas.