NÃO GOSTAVA NEM DE CAVALO NEM DE BOI 3 - RPG

A primeira vez que tive contato com RPG (de mesa, não abordarei RPG de video-game aqui) foi nos longínquos anos 90... Meu irmão ao visitar a casa de um colega de escola viu na prateleira de brinquedos dele um jogo com um Conan genérico na caixa, brandindo ferozmente sua espada. Era o Hero Quest.
Uaaaaaaa, sou o Conan genérico de RPGggggg
Parece que o menino havia ganho o jogo de uma tia de fora e nunca o jogara, algo assim. Ele conseguiu o jogo emprestado e já em casa a gente foi jogar. Jogamos um bom tempo aquele bicho. Acho que quando perguntei como era, ele disse que era tipo um jogo do Caverna do Dragão. Enquanto ele "mestrava" (nem sabíamos que os termos eram esses), eu, o único jogador, fazia as vezes de guerreiro, anão, mágico, elfo e tudo que eu pudesse ser.

Minha mente cartesiana demorou para pegar o jeito de como jogar e o mestre tinha que me ajudar um bocado a entender que se tinha uma fonte na caverna eu podia beber da água dela, que podia interagir com o cenário, etc. O jogo desandou quando ele achou de colocar um dragão todo fodão para matar minha equipe, em uma das primeiras aventuras que joguei que não era das que vinha no livro. Mas foram ótimos momentos de luta, magia e diversão. Os bonequinhos eram muito bons e eu também me identificava com o tabuleiro quadriculado e a movimentação por ele.

Mas aí meu irmão teve que devolver o jogo pois a mãe do menino deu por falta do presente caro dele. Só me restou ficar gurejando o Hero Quest que tinha no Magazine Geanne... Nunca consegui convencer minha mãe a investir tanto dinheiro naquela caixa de papelão. Capaz de o jogo ainda estar lá...

Depois fiquei anos sem contato com RPG nenhum (tirando um encontro que fui em Recife e joguei Castelo Falkenstein)... até que meu irmão apareceu com um livro de 3DeT da Dragão Brasil e algumas revistas. Aí dessa vez eu juntei um grupinho e a gente jogou alguns sábados e algumas tardes de domingo. O mestre era eu e as aventuras se passavam na própria Salgueiro. O bom é que o grupo era muito heterogêneo e a algazarra era tão grande que fomos expulsos da casa de Leonardo e de Emanuel, terminando por jogar na rua mesmo, sentado nas beiras das calçadas.
Geringonça de transformação
Em Salgueiro, minha contribuição para o mundo do RPG acabou aí... Mas certo tempo depois surgiram os grupos que jogavam outros tipos de sistema, sendo o mais famoso e de maior audiência em nossa cidade o famigerado Vampiro, a Máscara! Muito favorecido pelo advento da internet (eita frase de redação de vestibular), onde não é difícil encontrar o livro para download. Tudo isso adicionado a estagiários que podiam imprimir quilos de papel sem que ninguém desconfiasse.

Nessa época teve o ataque do Gangrel, que cheio de cachaça quebrou os vasos do jardim da avó dele e machucou seu primo que tentava contê-lo. O grupo que jogava na biblioteca pública foi acusado de satanismo e teve até mães que foram lá tirar seus filhos a força "desse negócio do cão". Teve até caso de vitória do amor sobre todas as adversidades, mas aí a censura não deixa falar.

Continua...

Rodolfo Nícolas ainda jogou uma vez mais, na praça da igreja, com Mestre Dualazinho.

Nenhum comentário: