A atrasada resenha do Salão Central

Esse final de semana Rafael me mandou uma mensagem que me deu muito pesar... Final de 2012, a beira do natal eu fui a Salgueiro passear e me danei que queria tirar a barba de forma convencional em um daqueles barbeiros de rocha do interior. Por coincidência só havia um barbeiro atendendo no centro da cidade, Zé Mirandiba! A coincidência (primeira) é que eu e meu irmão quando eramos crianças cortávamos cabelo no salão dele (ou no do Índio, ficava alternando para nenhum ficar com raiva). A mensagem de Rafael dizia que ele falecera.
Preparação para tirar a barba

Já sem barba
Esta postagem era para ter saído em janeiro e eu fiquei procrastinando com as imagens no computador e as palavras na minha mente. Isso acontece com 90% dos projetos dos pajaracas, seja por falta de audiência, preguiça ou por falta de pessoas que comprem nossa ideia de produção de conteúdo local.

Seu Zé Mirandiba foi super legal e conversamos um tempão enquanto ele trabalhava e depois também. Quando lembrei a ele que sempre cortávamos cabelo no salão dele por causa que um dos filhos dele era amigo do meu tio Uélitgtong, ele lembrou de viagens e aventuras dele por Recife. Até governador bêbado de toalha tinha (mas eu acho melhor não citar nomes pois a família dele tem costume de processar sites com tendência humorística).
Quase uma meditação
Zim
O procedimento de retirada da barba teve tudo que tinha direito. Espuma, lâminas afiadas, cadeira reclinável feita em ferro fundido, loção pós barba ardida, tudo mesmo. Estava sem tirar a barba já a certo tempo, então ela estava grande, encaracolada e vistosa. Barba fechada mesmo. Não pense que teve boquinha de passar máquina para dar uma diminuída ou muito cuidado com o cliente. A espuma espalhou e a lâmina desceu. Na aula de biologia a gente aprende que tem a epiderme e por baixo a derme, e eu tenho quase certeza que quase que ele chega na derme cortando a barba. No final ainda jogou uma parada que parecia ácido pra dar o grau. Demorei uns 2 meses pra fazer a barba de novo. Nunca fiquei tão satisfeito ao fazer a barba. Durante uns 3 dias meu rosto ardia enquanto tomava banho.

Rafael disse que o Salão Central fechou... talvez por ele ter morrido, não sei. Mas era um ambiente fantástico, dos que eu espero poder passar meus momentos se um dia me aposentar (tipo o bar de Cicim de Chico Barros ou o Bar de Bastim). Era cheio de cartaz riscado por lá, propaganda, banquinho... E tenho ligeira lembrança que nos sábados o povo que ficava esperando carro de feira dava um tempo por lá proseando enquanto esperava a condução.

Rodolfo Nícolas não tira mais a barba em casa.

Um comentário:

Baba Yaga disse...

Muito bom. O que Paulo está fazendo nessa foto?