A dicotomia Zebra-Leão e a situação de alguma coisa

Quando era criança achava que Salgueiro só tinha 2 partidos políticos. Isso ficava muito mais interessante e divertido com seus nomes completamente diferentes dos P alguma coisa que via no horário eleitoral da TV. Eram as Zebras e os Leões.
Voto no macaco!
Só mais velho descobri que eram coligações ou alianças políticas, sendo que as Zebras tinham alicerce no PSB e os Leões no PFL. Isso na minha época, claro. No passado deveriam ser Arena e num sei o que mais lá, não lembro bem dessa aula... Cito ainda que a base se dá em duas famílias tradicionais da cidade, que, como toda boa força do interior tem sua origem em um médico (o poder era do médico, padre e delegado em eras passadas).

Mas esse texto não fala de família ou de partidos com P. Tento ao menos soprar um ventinho em questões sobre a relação da cidade e sua população com essa bipolaridade política de equídeos e felinos.

Sempre vi a relação do Salgueirense com seus dois blocos políticos como o fanatismo dos torcedores de futebol, ao menos em alguns aspectos. As analises sempre feitas sobre os “títulos” e retrospectos passados. Pouco se via das pessoas discutindo propostas, projetos, planejamento, planos... Talvez isso não seja algo tão restrito a nossa cidade e ao interior, seja nacional e intrínseco ao interior brasileiro, sei lá.

As eleições municipais são um tipo de copa do mundo de Salgueiro, não só por acontecerem de 4 em 4 anos, mas também por despertar em certos indivíduos da população uma rivalidade exacerbada. Amigos ficam brigados, namorados se separam, vizinho não dá bom dia, marido e mulher param de nhanhar, e por aí vai. Como no futebol, as vezes o torcedor fica a ver navios quando uma estrela do seu time muda de casa. O torcedor também sofre com as estratégias e contratações dos dirigentes, sem entender os motivos, mas como bom torcedor, continua torcendo.

Em nossa cidade ser Zebra ou Leão é quase uma segunda pele... Quem “muda de lado” é chamado traidor ou vira-casaca. Geralmente tem-se essa mudança associada a oportunismos, oportunidades ou promessas pessoais não cumpridas. Nada muito ideológico ou qualitativo.

A política em Salgueiro não é feita com propostas, como já falei, é feita com promessas e “compromissos” (geralmente com indivíduos). Compromissos que os eleitores passam para seus filhos, que, crescem com a mente nublada para a possibilidade de escolha (já muito reduzida pela bipolaridade). Assim, as Zebras e os Leões doentes, como muitos se autoproclamam, parecem pouco interessados no destino de sua cidade. O título é mais importante, a piadinha com o vizinho vale mais que a consciência. Talvez o importante mesmo seja o trio pós-vitória.

O Salgueirense demora a perceber que nesse jogo ele não é a torcida, ele é o jogador. É ele quem deve entrar em campo. A camisa que tem que ser vestida é a da cidade, não o amarelo ou vermelho, verde ou azul...

Rodolfo Nícolas venceu o voto hereditário e vai votar no que acha certo (se ele não justificar mais uma vez).

Um comentário:

Sabrina disse...

Só sei que meu vereador é Luciano Doido!